quinta-feira, 3 de abril de 2014

carta convite harvard

HARVARD UNIVERSITY
Department of Romance Languages and Literatures





Boylston Hall                                                                                           http://www.fas.harvard.edu/~rll                
Cambridge, Massachusetts 02138                                                                        Tel. (617) 495-2546; Fax. (617) 496-4682




January 17th 2014

Dear Mr. Ricardo de Carvalho Duarte [Chacal]:

It is an honor and a true pleasure to officially invite a poet of your caliber to visit Harvard University from April 5th to April 19th, 2014. The main purpose of your stay among us is to participate in the12th Brazil Week at Harvard (program attached). This annual event, organized by the Department of Romance Languages and Literatures and sponsored by the David Rockefeller Center for Latin American Studies, has a different theme each year. In the past editions we had themes like “Brazilian Music” and “Women’s Movements in Brazil and the USA”. This year, Brazil Week will be dedicated to the Arts and the plural ways artistic expressions capture the Zeitgeist and portray society. We will focus on the 70s and more specifically on poetry and performance. We came up with a highly descriptive working title: Poetry and Performance in the70s and beyond. As you are one of the main icons of that turbulent and fertile decade, we are delighted to extend this invitation to you.

During your stay, you will have the chance of meeting with faculty members, deans, teaching assistants, and students in different settings. We would like also to invite you to visit one of our Brazilian Culture and Literature classes and/or a language class at the graduate or undergraduate level.

 Please, let me know if you need any additional information.


Sincerely,

Description: Clemence-Sign
 





_______________________
Dr. Clémence Jouët-Pastré
Sr Preceptor, Course Head, Undergraduate Adviser in Portuguese
Associate Director of Undergraduate Studies, RLL
email: cpastre@fas.harvard.edu




Tentative Schedule
***please do not circulate***
12th Brazil Week at Harvard


April 7th
Welcome – . Clémence Jouët-Pastre’ and  Nicolau Sevcenko
Round Table: “A Cultura `A Margem”
Speakers: Chacal. (Ricardo de Carvalho Duarte); Guilherme Ribeiro; Nicolau Sevcenko
Moderator: Luca Prazeres


April 8th
Workshop
“Falapalavra: oficina de poesia”
Chacal (Ricardo de Carvalho Duarte).
Luca Prazeres


April 9th
Introduction Clémence Jouët-Pastré
Movie: TBA
Comments: Guilherme Ribeiro


April 10th
“Uma história à margem: Peça/Performance Prática”
Chacal (Ricardo de Carvalho Duarte).


April 11th
Final Remarks
Nicolau Sevcenko


poemas traduzidos para o inglês por SOFI HALL



 

uma
palavra
escrita é uma
palavra não dita é uma
palavra maldita é uma palavra
gravada como gravata que é uma palavra
gaiata como goiaba que é uma palavra gostosa

 

ÓPERA DE PÁSSAROS

                                               
a objetividade da fotografia é uma falácia
erram os que acham que ela retrata o real.
o que há é que quando o fotógrafo diz
olha o passarinho! uma ave de asas oblongas
sai de dentro do olho da câmera
com uma paleta de cores
e um embornal de pinceizinhos.
                          sobrevoa a cabeça do fotógrafo
sobrevoa a cabeça do fotógrafo
                          e pousa sobre seu ombro esquerdo.
de lá, pinta a cena.
 em suma,
 a fotografia é uma ópera de pássaros.





BIRD OPERA

the objectivity of photography is a fallacy
those who think it portrays reality are wrong.
the truth is when the photographer says
- watch the birdie! 
an oblong-winged bird
emerges from the camera’s eye
with a pallette of colors
and a feedbag full of paintbrushes.
                    hovering above the photographer’s head
hovering above the photographer’s head
                    it alights on his left shoulder.
once there, it paints the scene.
in short,
photography is a bird opera. 

 SETE PROVAS E NENHUM CRIME

havia a mancha de sangue no jaleco
e nenhum corpo
havia o olhar rútilo, o rosto crispado
e nenhum motivo
havia o cheiro impregnado no copo
e nenhuma digital
havia o vírus, o bilhete, a arma branca
e nenhum assassinato
havia em vão a confissão
e nenhum ilícito
havia a cadeira de rodas vazia
e nenhum suspeito
havia um gato emborcado no aquário
e peixe nenhum

...........................................................................................



SEVEN CLUES AND NO CRIME

the bloodstained coat
and no body
the fiery look, the hardened face
and no motive 
the poisoned cup
and no prints
the virus, the note, the dagger
and no murder
the confession in vain
and no crime
the empty wheelchair
and no suspect
in the aquarium, the cat upside down
and not a single fish

DESABUTINO

quem quer saber de um poeta na idade do rock
                           um cara que se cobre de pena e letras lentas
que passa sábado a noite embriagado
chorando que nem criança a solidão

quem quer saber de namoro na idade do pó
um romance romântico de cuba
cheio de dúvidas e desvarios
tal a balada de neil sedaka

quem quer saber de mim na cidade do arrepio
um poeta sem eira na beira de um calipso neurótico
um orfeu fudido sem ficha nem ninguém para ligar
num dos 527 orelhões dessa cidade vazia

WHO NEEDS A POET ?

who cares about a poet in the age of rock
a guy who covers himself with sorrow and slow letters
who blind drunk spends his Saturday night
crying like a child

who cares about snuggling in the age of coke
a románticos de cuba romance 
                           full of doubts and twisted trips
like a neil sedaka ballad

who cares about me in this city of chills
a poet
full of verve on the verge of calypso's nervous breakdown
a fucked up orpheus without change or anyone to call
from all the 527 telephone booths of this desolate city


                           CIDADE

cidade: parada estranha
 aglomerações
 linhas cruzadas
 engarrafamentos
               
 estranha cidade parada
 cristalização de caos tédio estupor
 escornada no espaço
 veias abertas pedindo mais mais sempre mais

cidade: paradinha sinistra
babel bélica
bando de gente a ir a algum lugar nenhum
infinito véu de pulsações
gases           desejos            dejetos
                          palavras & balas
 perdidas perdidas perdidas

                         
cidade: sinistríssima parada
tudo é recriado e se esfumaça
seus citroens    seu rock and roll
luzes da ribalta refletem na sarjeta
                  what’s going on
as prensas não podem parar
notícia notícia notícia
revista já vista já velha
reprocessando matéria
clonando idéia 
novelha novelha novelha

parada cidade estranha
                          choque elétrico todo dia
           a dias meses anos    
           desintegrar - bang big -
           numa implosão final
           impotentes para formatar
           bilhões de bytes
           trilhões de raios catódicos
           em expressão inteligível

          cidade : parada estranha
          excesso exagero coisa fumaça
          corpo crivado de bits
          corpo crivado de bits
          corpo crivado de bits

 CITY

city: what’s the point?
crowds
crossed lines
bottlenecks

point-blank city
crystallized chaos boredom stupor
gored in space
open veins begging more more always more

city:  what’s the damn point?
bloody babel
bands of people going somenoplace
immense beating veil
destruction   desire   despair
           words & bullets
astray astray astray

city:  what’s the goddamn point?
all of it reborn and smoldering
your citroëns your rock and roll
footlights shine in the gutter
           what’s going on?
the presses cannot stop
extra extra extra
magazine once sold is old
news cycles recycled
herds of soap operas
clone clone clone

point-blank city
electric shock every day
for days months years
to break – bang big – down
in a final implosion
we’re powerless to format
billions of bytes
trillions of cathode rays
into any clear expression

 city: what’s the point?
excess thing violence smoke
           body riddled with bits
             body riddled with bits
               body riddled with bits


 
                       O BEIJO

todo mundo precisa de beijo
o ascensorista a vitrinista
a judoca o playboy
o zagueiro o bombeiro o hidrante

o hidrante precisa também
de cuidados água farta
analgésicos e dinheiro

todo mundo precisa de dinheiro
o maracanã o pavilhão de são cristóvão
o cristo a pedra da gávea os dois irmãos

quem não precisa de dinheiro ?
todo mundo precisa de beijo

THE KISS

everybody needs a kiss
the guru the kangaroo
the don juan the ingénue
the lineman the fireman the hydrant

the hydrant also needs
care enough water
painkillers and cash

everybody needs cash
the rhode island philharmonic the arcade
the avon cinema the coffee exchange
the roger willians park zoo the brown

who doesn’t need cash?
everybody needs a kiss

……………………………………………………………………

                      BE SAMPLE

o que se faz a pé
de carro se faz mais rápido
o que grita ao olho
na tela se agiganta
o que passa na cabeça
ao sample se assemelha

be sample
who can be
i can be
you can be
simple
you can be
I can be
to be can be

sample in the jungle
simple like a window
simple like a window
simples como um clips

sample in the rumble
simple like a needle
simple like a needle
simples como um níquel

…………………………………………………..

 PALAVRA CORPO


a palavra vive no papel
com vírgulas hífens crases reticências
leva uma vida reclusa de carmelita descalça

o corpo aprendeu a ler na rua
com manchetes de jornais
jogadas na cara pelo vento
com gírias palavrões
zoando no ouvido
com gritos sussurros
impressos na pele

a palavra quer sair de si
a palavra quer cair no mundo
a palavra quer soar por aí
a palavra quer ir mais fundo
a palavra funda
a palavra quer
a palavra fala:
- eu quero um corpo !

                         o corpo sabe letras com gosto
de carne osso unha e gente
o corpo lê nas entrelinhas
o corpo conhece os sinais
o corpo não mente
o corpo quer dizer o que sabe
o corpo sabe
o corpo quer
o corpo diz:
- fala palavra !!!


 WORD BODY

the word lives on paper
with commas, hyphens, contractions, reticence
it has the recluse life of a barefoot nun

the body learnt to read on the streets
with news headlines
thrown into its face by the wind
with slang, coarse words
buzzing in its ears
with cries and whispers
printed on its skin

the word wants to come out
the word wants to know the world
the word wants to sound
the word wants to go deep
the word founds
the word wants
the word speaks:
- I want a body !

                         the body knows letters with flavor
of flesh  bone  nail  and people
the body reads between the lines
the body knows the signs
the body doesn’t lie
the body wants to tell what it knows
the body knows
the body wants
the body says:
- speak, word !


 RÁPIDO E RASTEIRO

vai ter uma festa
que eu vou dançar
até o sapato pedir pra parar.

aí eu paro
tiro o sapato
e danço o resto da vida.


FAST AND FURIOUS

they're throwing a party
and i'm gonna dance
till my shoe begs me to stop

then i'll stop
take that shoe off
and i'll dance for the rest of my life.

SONIDOS

when B bóia
behind clouds
among angelos
listening cosmicmonomusic

HB trança
as agúia põe fim à barafunda
abajourd hui na marmita
requentada nágua
doce dulce dá-se dócil
algas mágoas anáguas n’água
venga curtir uma onda
bit hit bass drums
dream is now and then
traços claros calmos
carma man











quarta-feira, 17 de julho de 2013

UHM ON TOUR


                    UHM EM ITAGUAÍ - SANTA CATARINA
                          10 / 07 / 2013


                      PETRÓPOLIS - QUITANDINHA
                           18 / 07 / 2013

quarta-feira, 26 de junho de 2013

black block

o capitalismo aderna e naufraga. o capitalismo faz água. baumaniemos: o neoliberalismo, forma terminal do capitalismo, se baseia no consumo, na concentração de renda e na exclusão. qual o papel do estado? vigiar e punir (nenhuma “autoridade” se manifesta contra a violência da polícia. muito menos a mídia). as mega incorporações (bancos, indústrias, empreiteiras, etc) dão as ordens. elas não tem cara. seu maior disfarce. a mídia e a segurança pública, seus paus mandados.

o mundo se globalizou faz tempo. tanto a ação quanto a reação. brasil, turquia, países árabes, espanha, new york, tudo a mesma luta contra o neoliberalismo excludente terminal. as armas e os métodos da polícia, a estratégia da mídia, criadora de mentiras q viram verdades, são transnacionais. de outro lado, os governos populares da américa latina, os sit-ins, os black blocks, a descentralização do comando, as redes sociais, tudo se espalhando pelo mundo.

gostaria de calar e dormir, mas como astrofísicos, quando descobrem que a luz pode ser onda e partícula ao mesmo tempo e que a linguagem, baseada no isso ou aquilo, não dá conta de expressar, astrofísicos que não conseguem calar, querendo anunciar paratodos suas descobertas.

a polícia apresenta suas armas. não sei bem como driblá-las. a união de milhares de pessoas e as urnas são nossas poucas armas. a vida combatendo a morte. faz bem se alimentar bem para manter a saúde, o discernimento, o entusiasmo. e vamos pra cima. a vida pode mais que a morte.